O Secos & Molhados foi um fenômeno cultural que marcou os anos 1970 no Brasil, desafiando os padrões da ditadura militar com sua estética provocadora e letras poéticas. No centro do grupo estava Ney Matogrosso, cuja voz única, maquiagem marcante e figurinos que borravam as linhas de gênero o tornaram um símbolo de resistência e liberdade artística.
Apesar do sucesso estrondoso, disputas por direitos autorais e questões financeiras levaram ao rompimento da formação original. Ney Matogrosso revelou que a troca de empresário e a divisão desigual dos lucros foram os principais motivos de sua saída. Ele destacou que, inicialmente, o dinheiro era dividido igualmente entre os integrantes, mas, ao perceberem os ganhos maiores dos compositores, o romantismo acabou. Ney pediu para ser remunerado pelos shows, mas sua proposta foi recusada, levando à sua decisão de deixar o grupo.
Hoje, o nome Secos & Molhados pertence a João Ricardo, vocalista e compositor, após disputas judiciais. Isso gerou atritos recentes, como a proibição de incluir músicas do grupo em uma série documental sobre sua história.
A trajetória de Ney Matogrosso, incluindo sua passagem pelo Secos & Molhados, é retratada no filme “Homem com H”, que estreia amanhã nos cinemas. Dirigido por Esmir Filho, o longa explora momentos marcantes da vida do artista, desde os conflitos com o pai militar até sua consagração como ícone da música brasileira. Com atuação de Jesuíta Barbosa, o filme aborda temas como liberdade, resistência e os desafios enfrentados por Ney em meio à ditadura militar.