No episódio mais recente do podcast Raul Ferreira Netto Sem Limites, o cantor Lobão e o crítico musical Regis Tadeu discutiram a trajetória do rock brasileiro e o papel de bandas nacionais que cantam em inglês. Em um corte do programa, liberado no YouTube na última sexta-feira (09), eles analisam a escolha de bandas como Sepultura e Ego Kill Talent de apostar no inglês para conquistar uma produção fiel ao estilo rock.
Lobão relembrou que, para o Sepultura, cantar em inglês foi mais que uma decisão de mercado. Eles buscavam produtores que entendessem a sonoridade do rock. “Eles não queriam aquele ‘som sarapa’ que tinha aqui no Brasil. Pensaram: ‘Vamos fazer em inglês para ter um som normal, de rock’”, explicou. Segundo ele, a resistência de produtores locais com o peso do rock limitava a criação de uma identidade mais agressiva.
A escolha do Sepultura se mostrou certeira: ao gravarem com o produtor americano Scott Burns, no final dos anos 80 e início dos 90, consolidaram um som autêntico e global. Para Lobão, a conquista do Sepultura fora do país foi tão relevante que os colocou ao lado de ícones como Ayrton Senna e Fittipaldi, referências brasileiras de credibilidade no exterior. Regis Tadeu também destacou o impacto dessa parceria, afirmando que Scott Burns era um produtor que entendia verdadeiramente o metal.
Apesar do sucesso de bandas como o Sepultura, Lobão pontua a complexidade de fazer rock no Brasil, onde o gênero enfrenta rejeição e falta de apoio. “Ser artista no Brasil já é difícil. Tocar rock, então, chega a ser uma utopia”, concluiu.