Entrevista: The Mönic e seu poderoso sagrado feminino do punk rock alternativo

A primeira vez que ouvi uma banda de punk rock com vocal feminino, foi no Clube Social Feminino em Goiânia, o nome do espaço não tem a ver com a escolha das bandas, era um lugar tradicional para os famosos shows de rock alternativo da Goiânia Rock City, quem nunca fez uma nova amizade underground na grama daquele clube?

Lembro também que nesse mesmo dia tocou Matanza, e foi a primeira vez que entrei em uma roda, bati cabeça e pulei do palco, mas minha principal lembrança foi ouvir a banda LSD, composta por quatro garotas, e um hardcore pesado, intenso e sem fim.

Resgatei essa memória lá do baú para explicar o Déjà vu quando descobri que existe uma banda de punk rock brasileira chamada: The Mönic. Ale Labelle (guitarra e voz), Dani Buarque (guitarra e voz), Joan Bedin (baixo e voz) e Thiago Coiote (bateria e voz).

Estava na redação da 89 A Rádio Rock de Goiânia, e alguém comentou: “já ouviu esse som?”. Fiz uma imersão de algumas horas ouvindo, assistindo, pesquisando, clicando. Que banda boa, letras em português, ativismo em prol da inclusão feminina no campo musical, energia e carisma, “preciso trocar ideia com elas”, pensei de imediato. A Dani foi quem me respondeu pelo WhatsApp, ela me disse que ia ficar 10 dias sem celular para um retiro de meditação e na minha cabeça fez todo sentido uma frontwoman tão voraz e capacitada ter preocupações espirituais e energéticas.

A Dani foi me contando que elas vivem todo o perrengue do rock alternativo brasileiro, mas fiquei me questionando que uma banda com 7 anos de estrada não é tão jovem assim, e a maturidade e controle de palco delas fez jus a lista que comecei a desenhar. Procurei só pelos festivais, nada de show em Pub ou bar, numa breve pesquisa identifiquei mais de 15 festivais incluindo: Knotfest Brasil, Rock in Rio e Goiânia Noise Festival (só em 2024).

Assisti muitos vídeos e vi a Dani descer do palco e enfrentar uma multidão de Headbangers malucos, aos berros no microfone, enquanto uma roda de hardcore gigante se abria ao lado dela: “A The Mönic nasceu em 2018. As três mulheres tocavam em uma banda chamada DBGG, resolvemos acabar com essa banda e começar uma nova, formando esse novo projeto com composições nossas. Desde então lançamos dois discos, o primeiro disco inclusive tinha mais músicas em inglês. Mas nós somos uma banda de estrada e o olho de todo mundo brilhou em compor em português, até porque é mais difícil”, conta.

O segundo Cd da The Mönic é lançado no final de 2022 com apenas uma música em inglês, esse foi o disco que segundo ela colocou a banda no mercado e no mainstream. Para quem escutou a banda ao vivo foi inundado pela energia que elas causam no palco, não tem como ficar parado ouvindo a The Mönic, segundo a Dani os fãs e seguidores fortalecem a caminhada do grupo, mas mesmo assim a busca pelo reconhecimento é lento e complexo: “hoje o mercado da música no mundo todo, não só no Brasil é muito nichado, os meios de comunicação são muito pulverizados. Antes você tocava na rádio, tocava na TV porque esses meios que escolhiam o que as pessoas iam ouvir, hoje os artistas tem forças em pequenos nichos, para estourar a bolha é mais difícil, mas ao mesmo tempo você tem mais oportunidades. Nos anos 90 quem decidia o que ia estourar era a própria indústria”, desabafa a vocalista.

E de fato a banda é super engajada nas sua redes sociais, e segundo a própria Dani, esse movimento da internet é fundamental no trabalho de divulgação. Em um vídeo elas até brincam com os 5 motivos que você deve conhecer a The Mönic , e claro, todos fazem muito sentido:

No meu Déjà vu inspirador a The Mönic tem tocado incansavelmente, entrando fácil para minha lista de melhores bandas de rock n’ roll brasileira. A Dani que estava se preparando para seu retiro espiritual enquanto respondia minhas perguntas, conclui nosso bate papo dizendo que 2025 não tem planos “é tocar para c#@$%”. Se você ainda não conhece o trabalho delas, clica ai, vai ser impossível você não querer entrar nessa roda de Hardcore:

Breno Magalhães é jornalista e locutor da 89 A Rádio Rock de Goiânia, músico frustrado e cineasta de fita crepe.

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