Punk – Faça você mesmo

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Punk – Faça você mesmo

Em mais um capítulo da nossa saga, a gente fala sobre o punk. O movimento nasceu do final da década de 60, início dos anos 70, quando a grande taxa de desemprego nas indústrias de Londres e Nova York fez com que a classe trabalhadora passasse a se expressar politicamente contra sistemas autoritários, condições de trabalho e consumismo.

O termo “Punk” em inglês, era um deboche usado para falar que alguém era anti-social. E com o tempo, os próprios punks assumiram o termo para dar nome ao movimento.

A ideia “do it yourself” ficou muito conhecida nesta época, pois era uma questão de necessidade. Um dos primeiros reflexos aparentes desta ideia é notado nas roupas, que eram criadas e reaproveitadas.

Os coturnos ficaram populares porque eram baratos, enquanto os alfinetes eram usados para unir partes de tecidos e prender patches nas jaquetas, que eram carregadas de informações em tom de protesto. Destaque também para a desconstrução das roupas, como calças rasgadas e jaquetas jeans remendadas com peças de couro. A intenção do visual era chocar e desafiar as normas sociais. O cabelo espetado foi inspirado nos índios moicanos, que tinham como lema a frase “é preferível morrer a viver como um fantoche”. O penteado fazia parte do protesto anarquista, defendido pela cultura punk.

Esse protesto logo virou música, e trouxe uma nova estética sonora muito mais direta e agressiva, com letras que falavam sobre política e uma sonoridade muito mais distorcida e rápida. A parte gráfica também ficou muito marcada, já que os fanzines difundiam as ideias punk com uma linguagem gráfica inovadora.

Ramones, Sex Pistols, The Clash, Patti Smith e New York Dolls estão entre os vários nomes que marcaram o estilo.

A casa de shows CBGB & OMFUG (Country Bluegrass Blues and Other Music For Uplifting Gormandizers), também conhecida como CBGBs, acabou abraçando os artistas alternativos e se tornando um ponto de referência. E realmente a atmosfera do lugar era diferente. Em 2000, assisti um show de hardcore no CBGBs e olhei cada detalhe imaginando quantas bandas haviam passado por aquele palco. Uma experiência marcante.

O Punk londrino passou a ser visto como moda quando Malcon Mclarenn e Vivienne Westwood, uma das estilistas mais expressivas da época, empresariaram e vestiram os caras do Sex Pistols. A intenção era torná-los uma espécie de vitrine da loja de Vivienne, “Let It Rock”, que depois virou a “Sex”.

Foi um início extremamente criativo, com referências no New York Dolls e a cena dos EUA aliado aos acontecimentos e anseios políticos da época. Foi como se Vivienne Westwood tivesse legitimado esteticamente a cultura e comportamento punk através das roupas. E isso tudo acabou virando moda, a ponto de ser lembrada até hoje.

Outra característica que vale citar é a diferença entre o Punk ligado a política e o Punk ligado ao próprio comportamento como indivíduo. Ou seja, o estilo pode estar relacionado à um certo ativismo ou apenas à estética e música, sem necessariamente fazer parte de qualquer ativismo.

E nesta mesma linha, as bandas podem ser mais politizadas ou de butique, mas todas inspiradas no Punk. O que a gente pode concluir é que todo o movimento artístico, seja ele banda, moda, design gráfico e artes plásticas, que surge de uma forma genuína e com propósito, acaba se mantendo ao longo dos anos, mesmo que tenha que se adaptar ao presente.

Por Danilo Carpigiani